Ali deitada naquela cama podia sentir o veneno percorrendo todas as suas veias, dilacerando tudo que encontrava pela frente. Já não podia mais ter controle sobre seu próprio corpo. Aquele liquido verde e grosso que se injetou a matava por dento, como se estivessem rasgando lentamente cada pedaço seu. Em meio a delírios de dor começou a relembrar tudo que a motivara a fazer aquilo.Desde pequena não tinha amigos, seus pais mal lhe diziam duas palavras e estavam sempre brigando. Todos diziam que ela era estranha, e ninguém se aproximava dela. Não entendia o porquê, e isso foi fazendo com que se fechasse para o mundo. Se fechou completamente quando aos 15 anos o pai deu um tiro em sua mãe e em seguida se matou.A partir daí era uma completa estranha perdida dentro do seu próprio mundo. Um mundo sombrio, cheio de medos e pensamentos obscuros. Andava sempre de cabeça baixa. Em casa se cortava, se torturando por ter nascido assim. Odiava sua vida, seus cabelos, seu rosto, seu corpo. Odiava tudo. Principalmente por não ter sonhos, nem esperança no futuro. Futuro este que só haveria de piorar. Começou a planejar o dia em que se libertaria daquele carma, ficaria longe daquele corpo, daquela vida.Delírios, lembranças, angustia, pesadelos, do e mais dor. Era o que sentia ali, naquela cama. Pensava consigo mesma: será que tomei a decisão certa? Cedo ou tarde? Bom, não saberia a resposta. Seu tempo se fora, junto com sua frágil e ordinária vida.
Sarah C.
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